Vamos falar de amor

Nunca encontrei em lugar algum, definição melhor do que é o amor, do que a que Paulo fala aos Coríntios.

Antes de ler o texto vale fazer algumas observações que julgo importante.

Ao romantismo atribui-se o amor, costumamos dizer que alguém romântico está apaixonado, e esta pessoa na condição de romântico faz inúmeras coisas com intuito de ter o seu amor correspondido.

Vamos falar de amor

Neste ponto, vale ressaltar que nem sempre foi assim, o romantismo mais do que sentimento, impactou o mundo, quando lá no século XVIII (18) era tido como um movimento artístico, político e filosófico. Vale uma pesquisa mais detalhada sobre este movimento.

O romantismo veio contrapor a racionalidade e o Iluminismo, movimentos que antes do Romantismo haviam posto o homem no “centro de todas as coisas”.


beijo na boca menino e menina

O romantismo trouxe novamente a subjetividade, assim como emplacou a ideia dos amores trágicos, utopias e escapismos.

O impacto foi irreversível e até hoje podemos presenciar os benefícios e malefícios deste movimento.

Mais especificamente no amor, temos (de uma forma geral) a noção de que tudo gira em torno das nossas próprias satisfações, do desejo de termos alguém que possa nos fazer feliz, nos completar e nos atender em nossas mais diversas necessidades, sejam elas fisiológicas, emocionais ou até mesmo materiais.

Foto: Homem e mulher jovem com uma caneca na mão e um cachorro no colo da mulher.

Em uma perspectiva Cristã do amor, essa ideia é exatamente o oposto.

Ainda que a subversão do amor Cristão possa ter se iniciado no racionalismo foi o Romantismo que trouxe de volta um olhar sobre aquilo que não se pode enxergar, medir ou atribuir forma.

Ainda que, as bizarrices muitas vezes sejam postas na conta do amor, em função da paixão, isso só comprova que as demonstrações de amor hoje, quase em sua maioria são uma distorção do que é amar.

Pensemos em Cristo, que sendo Deus, não se fez valer disso, mas se esvaziou e assumiu a forma de servo, servindo a todos até a morte.

Vale lembrar daquela frase “o coração tem razões que a própria razão desconhece”, aqui Blaise Pascal não a usou num contexto de amor romântico, mas para dizer que o coração (conceito bíblico para a sede das emoções e centro da existência) é quem governa o ser humano.

Em seu filho Você é Aquilo que Ama de James K. A. Smith fala sobre os hábitos que possuímos e que são influenciados por aquilo que amamos.

Aqui cabe uma ilustração, imagine alguém que ama Star Wars, ela compra tudo sobre o filme, tem papel de parede star wars, bonecos do star wars, usa camisetas do star wars e quer por o nome da sua filha de Leia e do seu filho de Lucas.

De fato, não há nada de errado em gostar de Star Wars, mas estas coisas terrenas não definem quem somos, logo falhamos ao nos moldarmos a elas.

Um ponto de alerta sobre isso, é que sempre, quando alguém tem o controle sobre aquilo que amamos e nos molda corremos o risco de sermos controlados por pessoas que detém tal poder.

Por isso nossos amores devem ser organizados a partir de Cristo, para o mundo (entenda sistema das coisas), e não do mundo para Cristo.

Quando amarmos a Deus sobre todas as coisas e satisfazermos nosso coração em Deus, só assim poderemos amar nosso cônjuge como cônjuge dando ele(a) o devido valor, vamos amar Star Wars como filme, nosso time de futebol como time de futebol, etc.

É basicamente, o que John Piper nos fala em seu livro, Plena Satisfação em Deus, devemos buscar ter em Deus nossa realização plena e desta forma, vestir os óculos do evangelho, podendo assim, enxergar o mundo como ele realmente é, um lugar carente do amor de Deus e não um shopping para nos servir ou um playground para nos divertirmos.

O amor na perspectiva Cristã, não está preocupado em se satisfazer, por isso ele não é egoísta e não busca os seus próprios interesses, o amor é um hábito e dizer te amo está em atitudes que diariamente moldam este amor e mostram nossa responsabilidade com aquilo que é objeto do nosso amor.

Quando o amor encontra segurança para crescer ele cria raízes e laços tão fortes que naturalmente apontam para glória de Deus em tudo o que fizermos.

O amor é mais que um ideal, é um hábito simples de se adquirir.

Vamos então! Ler, aquela que é a melhor definição de amor ao meu ver:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá”

1 Coríntios 13:1–8

Augusto Marques

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